"Não é necessário ser radical, mas sim, tomar pequenas atitudes. É um trabalho de formiguinha, mas que dá resultado", explica Raquel Diniz, coordenadora da área de capacitação comunitária do Akatu. Estimular a criatividade dos filhos está entre esse tipo de atitude. "Os pais devem incentivar a criança a desenvolver uma relação de carinho com a natureza. Para isso, o mais indicado é aproveitar oportunidades do próprio cotidiano; um exemplo é ensinar o ciclo da água por meio da enxurrada, servir verduras e frutas e explicar de onde elas vêm; ou ainda, mostrar uma lagartixa e falar da importância dela para o equilíbrio da natureza", diz Paulo Groke, gerente de projetos ambientais do Instituto Ecofuturo.
Como explica Raquel, um dos segredos para que o filho crie esses hábitos está no exemplo dos pais. "É preciso explicar desde cedo a diferença entre o 'ser' e o 'ter', dizer que se deve evitar o desperdício. Colocar no prato apenas o que vai comer e reaproveitar os alimentos, doar brinquedos para outras crianças, customizar roupas e ensinar a separação de materiais para reciclagem são alguns hábitos que devem ser adquiridos pela família inteira", diz.
E os pais estão realmente mais preocupados em agir de maneira mais sustentável? Para Groke, ainda há um caminho a percorrer entre a intenção e a ação. "As pessoas sabem que os problemas existem, mas os mais engajados é que realmente fazem algo. Principalmente para os que vivem em um ambiente predominantemente urbano, tudo parece ser mais distante; para gostar e se preocupar, é preciso conviver com a natureza", afirma Groke.
Fora de casa
E não é só em casa que as crianças podem ser educadas para o consumo consciente. As escolas também devem exercer esse papel. No colégio Stance Dual, para alunos de 2 a 14 anos de idade, as ações ambientais e sociais fazem parte do currículo desde 2000. "Entre diversas atividades, realizamos coleta seletiva, incentivamos a reciclagem de latas de alumínio e tampas de garrafa e abolimos os copos de plástico e toalhas de papel, substituindo-se por canecas e toalhas de pano", diz Débora Regina Pires Moreira, coordenadora do projeto.
Um dos destaques está no reaproveitamento do óleo de cozinha, que pode ser altamente poluente se despejado nos rios por meio do esgoto. "Fizemos uma parceria com a ONG Trevo, que cedeu à escola o recipiente para recolhermos o óleo usado tanto na cozinha da escola quanto nas casas dos alunos", explica Débora. Ou seja, o objetivo não é restringir as ações apenas à escola, mas também envolver as famílias e toda a comunidade.
Simone Tinti/Site da Revista Crescer