sábado, 6 de agosto de 2011

NATUREZA HUMANA

Saiba por que ter em casa uma plantinha faz tanta diferença e descubra que tipo é o melhor para seu espaço.
 
Que é gostoso ter uma planta em casa todo mundo sabe. Um vaso ou dois ou mesmo uma floreira dão um toque especial ao ambiente, uma coisa assim... meio... meio o quê? Afinal, o que é que as plantas têm que deixam qualquer ambiente mais agradável? Qual é a raiz do prazer de andar em um lugar arborizado? A resposta pode parecer estranha, mas gostamos de ter plantas por perto porque fomos feitos para andar no meio delas, mesmo. Por vários pontos de vista, inclusive o genético, ainda somos os mesmos bichos que alguns milhares de anos atrás perambulavam pelas savanas vestindo peles e caçando para sobreviver. Em outras palavras: gostamos de mato porque ele é o nosso habitat natural. Tudo bem, ninguém nos obrigou a viver em casas e cidades, nós as construímos para ter mais conforto, proteção e tal. Mas lá no fundo da alma ainda há uma porção selvagem que pede um pedaço de verde à vista. Ao se aproximar da natureza o homem percebe, mesmo que de maneira inconsciente, que em épocas imemoriais esteve diretamente ligado a tudo o que era natural.
 
Ou seja, o maior mérito de um jardim não é ser bonito, e sim emocionante. "Um jardim é o local em que o homem compartilha as emoções da sua origem com a natureza, é um ecossistema que envolve as pessoas emocionalmente". É aí que entra o paisagista, cuja missão é plantar um ambiente que desperte a emoção que o cliente desenhou dentro de si. Uma tarefa nada fácil, convenhamos. O jardim pode ser aconchegante, selvagem, rústico, tropical. Por isso, em um projeto paisagístico nada é por acaso. Escolhem-se a dedo flores que atraiam beija-flores, borboletas, bem-te-vis e joaninhas, por exemplo. O mesmo serve para árvores, folhagens e arbustos que se encarregarão de criar sensação de aconchego, composição de cores, volume, formas e sombra - e também isolamento acústico e barragem de vento.

Moita de estimação
Mas não é preciso ter um quintal ou um jardim para viver bem. Em um apartamento ou uma casa sem espaço externo pode-se preencher a cota necessária de verde com vasos ou floreiras. Tanto faz. Só não esqueça que uma planta não é um elemento meramente decorativo, ela é um ser vivo. Quem recorre às plantas para dar vida ao ambiente deve dispensar ao verde os mesmos cuidados dados a um animal de estimação. Portanto, assim como ninguém compra um imenso dogue alemão para morar em uma quitinete, não adianta ir a uma loja de mudas e pedir por determinada planta, só porque você quer ter uma em casa. Antes, é preciso estudar o ambiente que se pretende verdejar. Só depois é que se escolhe a espécie. Para começar, faça como um paisagista: observe a luminosidade. A incidência da luz no ambiente é o principal parâmetro para definir o que plantar. Grosso modo, há quatro graus de luminosidade: claridade, meia sombra, sombra e escuro. Analisar a circulação de ar e se bate muito vento no local também é relevante, já que toda espécie gosta de ar, é claro, mas nem todas se dão bem com vento. Mapeado o ambiente, a partir daí é questão de gosto. Escolha a planta que preferir entre as que se dão bem no canto disponível.

Como regra geral para ambientes internos, as plantas ornamentais que atingem até 2 metros de altura são as mais indicadas, pois se adaptam melhor. Em condições naturais elas vivem abaixo de árvores mais altas e não recebem luz solar direta.

Mas há exceções. O bambu-mossô, adorado por muitos, precisa de espaços com pé direito alto, muito sol e dificilmente sobrevive numa sala, assim como plantas que dão flores, que também precisam de sol direto. Uma dica importante para marinheiros de primeira viagem: "Escolha a planta para a sua casa e não as que viu num filme ou programa de televisão porque aquele ambiente é bem diferente de onde você mora".

Uma parte importante do contrato que você assume com esse ser verde que está levando para casa é ter olhar afinado para observar seu comportamento. Não basta esquecer o vaso num canto achando que ele vai se virar sozinho. Claro que no início a planta passa por um período de adaptação e é natural que fique um pouco sem vida. Mas passados 60 dias ela começa a se acostumar com o novo espaço. Aí entra a sensibilidade do proprietário para ver como a planta está reagindo. Se estiver sentindo falta de luz, as folhas nascem menores e ficam mais pálidas e as folhas inferiores amarelam, é assim que funciona o alarme da planta.

Amizade enraizada
Rega e adubação são outros cuida­dos ultra‑importantes, já que todo ser vivo precisa se alimentar corretamente. Com o tempo os nutrientes e sais minerais da terra vão escasseando e o reflexo é uma planta sem viço, com folhas pequenas e que vai definhando. Se você não quer assinar o atestado de inaptidão para cuidar dela, encare-a como um membro da sua família (ué, você não faz isso com seu gato ou cachorro?) e trate-a com a maior atenção.
 
Faça uma mistura de 5 gramas de adubo foliar diluído em 2 litros de água e regue o vaso com esse composto, colocando apenas a quantidade de água necessária para cada vaso. Uma receita mais flexível para quem garante não ter muito tempo para as plantas. A cada quinzena ou mensal­mente a terra deve ser levemente afofada e receber adubo orgânico ou húmus. Assim a planta recebe o alimento de que necessita e equilibra-se a acidez da terra - solo ácido não permite que a planta assimile o fósforo e o nitrogênio, paralisando seu desenvolvimento.
Outro vilão é o excesso de água, que apodrece as raízes e mata a planta. Para não prejudicá-la, informe-se na loja em que comprar o vaso qual é a proporção de água e a periodicidade ideal de rega. Outro bom conselho é que só uma pessoa cuide das plantas. Assim ela sempre vai saber quando regou, quanto colocou de água e quando adubou. Isso evita risco de excesso ou falta de água ou adubo.

Enfim, já deu para perceber que cuidar de uma planta dá trabalho. Portanto, se você quer apenas embelezar um cantinho de casa, melhor arranjar um quadro ou outra peça de decoração. Deixe o verde para quando você tiver paciência e atenção para observar os sinais que a plantinha envia.
Se a pessoa tem um vaso para se aproximar do verde, deve se deixar levar e aprender com a planta. É melhor ter só uma e cuidar bem dela do que ter várias e não dar conta. Vendo a planta dessa forma, quem sabe você tenha a mesma sorte. Depois de nove anos tratando bem de uma espada-de-são-jorge, neste verão ela me presenteou com flores. À noite, era uma delícia sentar na varanda do apartamento e sentir um perfume semelhante ao do jasmim. Viu como a planta merece atenção? Ela não abana o ramo, mas sabe retribuir.

Fonte: Revista Vida Simples - Ed. Abril 

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